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Anarchy in the W.C.

julho 30, 2009

As únicas imagens que me vêem à cabeça quando relembro os banheiros públicos do Ceará são o inferno e o Carandiru superlotado. O mais engraçado é que, numa festa cearense, tudo é mais limpinho e organizado que na Bahia. A sujeira é menor, o atendimento das barracas é legal e definitivamente acontecem menos brigas. Aí bate aquele incômodo na bexiga e a gente percebe que todo mundo reservou a energia sobressalente para anarquizar o sanitário.

Meu primeiro indício desse fato aconteceu ano passado, no São João de Juazeiro do Norte. Os banheiros da festa eram individuais. Tinham um mictório e, ao lado de fora, uma pia. Eu esperava tranquilamente na fila, assoviando e lembrando que horas antes comi o pior pastel de minha vida, mas meu estômago – bravo guerreiro – resistiu ao baque e continuava firme e forte. Então, alguém me cutucou por trás:

– Ô, amigo.

– Oi?

– Cê vai esperar a fila?

– Vou. Sou o próximo.

– Então, licença aí.

O sujeito desabotoou a calça e começou a mijar na pia. ‘Beleza, normal. Sempre tem alguém que faz isso’. Quando o banheiro desocupou, entrei, mas alguém mais entrou comigo. ‘Posso, hômi?’. Nem respondi e ele já estava mijando no canto da parede. ‘Beleza, normal. Sempre tem alguém que faz isso’. Dei minha mijadinha no mictório e voltei para a festa.

mictorioindividualPrazer, garotão!  Eu sei que é tentador, mas não faço DPs.

Problema de verdade foi quando precisei ir ao banheiro novamente. Imagine a cena: uma pia de trinta centímetros com três caras urinando – um na direita, um na esquerda e um no centro -, um banheiro com um mictório individual e mais três marmanjos se despejando nele, enquanto outros três se aproveitavam das esquinas do lugar. E meu grande susto – fora ver uma cena digna de O Senhor dos Anais – é que NÃO FALTAVAM SANITÁRIOS NA FESTA. Havia o suficiente para todo mundo, se cada um esperasse dois minutos. E não existia exceção. Todos os banheiros estavam nessas condições. Em certos momentos parecia que, para dar uma mijadinha sequer, eu ia ter que atravessar nadando um turbulento mar de urina.

mictoriocoletivoMe usa, bonitão. E chame o coleguinha.

Quando pensei que já estava imune ao trauma – ‘ah, foi um fato isolado’ – do São João passado, voltei à região – meu irmão está morando lá, então vou enfrentar esse tipo de coisa mais vezes – e tive a mesma surpresa desagradável, dessa vez num mictório coletivo. O oceano já estava pronto e não havia mais espaço pra urinar. Em mais vinte segundos alguém sairia de lá (ou das paredes) e haveria uma vaga legal. Mas pra que esperar, né, se você pode mijar no centro do banheiro e EM MEU PÉ.

Fiquei fulo, mas quando virei pra reclamar o cara era tipo

hulk

Saí de fininho pra não causar transtornos.

E é por isso que não põem banheiros químicos por lá. Sou totalmente a favor de banheiros químicos. Você entra, prende a respiração e pá, já foi e foi massa. Mas no Ceará não rola, os caras são PUNKS DE SANITÁRIO. Eles iam achar um jeito de aloprar o pico. Ainda espero sair uma revolução ou algo do gênero no meio daquele mar. Talvez um motim.